segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

10 dicas para viver bem um relacionamento

Nunca irritar-se ao mesmo tempo
 
 
Uma equipe de psicólogos e especialistas americanos, que trabalhava com terapia conjugal, elaborou os 'dez mandamentos do casal'.

Gostaria de analisá-los, já que trazem muita sabedoria para a vida e a felicidade dos casais. É mais fácil aprender com o erro dos outros do que com os nossos próprios.

1. Nunca irritar-se ao mesmo tempo

A todo custo, evitar a explosão. Quanto mais a situação é complicada, mais a calma é necessária. Então, será preciso que um dos dois acione o mecanismo que assegura a calma de ambos diante da situação conflitante. É preciso nos convencermos de que, na explosão, nada será feito de bom. Todos sabemos bem quais são os frutos de uma explosão: destroços, mortes e tristezas; portanto, jamais podemos permitir que a explosão chegue a acontecer. Dom Helder Câmara, arcebispo emérito de Olinda (PE), tem um belo pensamento que diz: "Há criaturas que são como a cana, mesmo postas na moenda, esmagadas de todo, reduzidas a bagaço, só sabem dar doçura"

2. Nunca gritar um com o outro

A não ser que a casa esteja pegando fogo. Quem tem bons argumentos não precisa gritar. Quanto mais alguém grita, menos é ouvido. Alguém me disse certa vez que se gritar resolvesse alguma coisa, porco nenhum morreria. Gritar é próprio daquele que é fraco moralmente e, por isso, precisa impor, pelos gritos, aquilo que não consegue pelos argumentos e pela razão.

3. Se alguém deve ganhar na discussão, deixar que seja o outro

Perder uma discussão pode ser um ato de inteligência e de amor. Dialogar jamais será discutir, pela simples razão de que a discussão pressupõe um vencedor e um derrotado, mas no diálogo não. Portanto, se, por descuido nosso, o diálogo se transformar em discussão, permita que o outro “vença” para que, mais rapidamente, ela termine. Discussão no casamento é sinônimo de “guerra”, uma luta inglória. “A vitória na guerra deveria ser comemorada com um funeral”, dizia Lao Tsé. Que vantagem há em se ganhar uma disputa contra aquele que é a nossa própria carne? É preciso que o casal tenha a determinação de não provocar brigas. Não podemos nos esquecer de que basta uma pequena nuvem para esconder o sol. Às vezes, uma pequena discussão esconde, por muitos dias, o sol da alegria no lar.

4. Se for inevitável chamar à atenção, fazê-lo com amor

A outra parte tem de entender que a crítica tem o objetivo de somar e não de dividir. Só tem sentido a crítica que for construtiva, pois esta é amorosa, sem acusações nem condenações. Antes de apontarmos um defeito, é sempre aconselhável apresentar duas qualidades do outro. Isso funciona como um anestésico para que se possa fazer o curativo sem dor. Reze pelo outro antes de abordá-lo em um problema difícil. Peça ao Senhor e a Nossa Senhora que preparem o coração dele para receber bem o que você precisa lhe dizer. Deus é o primeiro interessado na harmonia do casal.

5. Nunca jogar no rosto do outro os erros do passado

A pessoa é sempre maior que seus erros, e ninguém gosta de ser caracterizado por seus defeitos. Toda vez que acusamos alguém por seus erros passados, estamos trazendo-os de volta e dificultando que ela se livre deles. Certamente, não é isto que queremos para a pessoa amada. É preciso todo o cuidado para que este mal não ocorra nos momentos de discussão. Nessas horas, o melhor é manter a boca fechada. Aquele que estiver mais calmo, que for mais controlado, deve ficar quieto e deixar o outro falar até que se acalme. Não revidar em palavras, senão a discussão aumenta e tudo de mau pode acontecer em termos de ressentimentos, mágoas e dolorosas feridas.

Nos tempos horríveis da Guerra Fria, quando pairava sobre o mundo todo o perigo de uma guerra nuclear, como uma espada de Dâmocles sobre as nossas cabeças, o Papa Paulo VI avisou ao mundo: "A paz impõe-se somente com a paz, pela clemência, pela misericórdia, pela caridade”. Ora, se isso é válido para o mundo encontrar a paz, muito mais é válido para todos os casais viverem bem. Portanto, como ensina Thomás de Kemphis, na Imitação de Cristo, “primeiro conserva-te em paz, depois poderás pacificar os outros”. E Paulo VI, ardoroso defensor da paz, dizia: “Se a guerra é o outro nome da morte, a vida é o outro nome da paz”. Portanto, para haver vida no casamento, é preciso haver a paz, e ela tem um preço: a nossa maturidade.

6. A displicência com qualquer pessoa é tolerável, menos com o cônjuge

Na vida a dois, tudo pode e deve ser importante, pois a felicidade nasce das pequenas coisas. A falta de atenção para com o cônjuge é triste na vida do casal e demonstra desprezo para com o outro. Seja atento ao que ele diz, aos seus problemas e aspirações.

7. Nunca ir dormir sem ter chegado a um acordo

Se isso não acontecer, no dia seguinte o problema poderá ser bem maior. Não se pode deixar acumular problema sobre problema sem solução. Já pensou se você usasse a mesma leiteira que já usou, no dia anterior, para ferver o leite sem antes lavá-la? O leite certamente azedaria. O mesmo acontece quando acordamos sem resolver os conflitos de ontem. Os problemas da vida conjugal são normais e exigem de nós atenção e coragem para enfrentá-los, até que sejam solucionados, com o nosso trabalho e com a graça de Deus. A atitude da avestruz, da fuga, é a pior que existe. Com paz e perseverança busquemos a solução.

8. Pelo menos uma vez ao dia, dizer ao outro uma palavra carinhosa.

Muitos têm reservas enormes de ternura, mas se esquecem de expressá-las em voz alta. Não basta amar o outro, é preciso dizer isso também com palavras. Especialmente para as mulheres, pois nelas isso tem um efeito quase mágico. É um tônico que muda completamente o seu estado de ânimo, humor e bem estar. Muitos homens têm dificuldade neste ponto; alguns por problemas de educação, mas a maioria porque ainda não se deu conta da sua importância.

Como são importantes essas expressões de carinho que fazem o outro crescer! "Eu te amo”, “você é muito importante para mim”, “sem você eu não teria conseguido vencer este problema”, “a sua presença é importante para mim”, “suas palavras me ajudam a viver”… Diga isso ao outro, com toda sinceridade, toda vez que experimentar o auxílio edificante dele.

9. Cometendo um erro, saber admiti-lo e pedir desculpas.

Admitir um erro não é humilhação. A pessoa que admite o seu erro demonstra ser honesta consigo mesma e com o outro. Quando erramos, não temos duas alternativas honestas, apenas uma: reconhecer o erro, pedir perdão e procurar remediar o que fizemos de errado, com o propósito de não repeti-lo. Isso é ser humilde. Agindo assim, mesmo os nossos erros e quedas serão alavancas para o nosso amadurecimento e crescimento. Quando temos a coragem de pedir perdão, vencendo o nosso orgulho, eliminamos de vez o motivo do conflito no relacionamento, e a paz retorna aos corações. É nobre pedir perdão!

10. Quando um não quer, dois não brigam

É a sabedoria popular que ensina isso. Será preciso então que alguém tome a iniciativa de quebrar o ciclo pernicioso que leva à briga. Tomar esta iniciativa será sempre um gesto de grandeza, maturidade e amor. E a melhor maneira será “não por lenha na fogueira”, isto é, não alimentar a discussão. Muitas vezes, é pelo silêncio de um que a calma retorna ao coração do outro. Outras vezes, será por um abraço carinhoso ou por uma palavra amiga. Todos nós temos a necessidade de um “bode expiatório” quando algo adverso nos ocorre. Quase inconscientemente, queremos, como se diz, “pegar alguém para Cristo”, a fim de desabafar as nossas mágoas e tensões. Isto é um mecanismo de compensação psicológica que age em todos nós nas horas amargas, mas é um grande perigo na vida familiar.

Quantas e quantas vezes acabam “pagando o pato” as pessoas que nada têm a ver com o problema que nos afetou. Às vezes, são os filhos que apanham do pai que chega em casa nervoso e cansado; outras, é a esposa ou o marido que recebe do outro uma enxurrada de lamentações, reclamações e ofensas, sem quase nada ter a ver com o problema em si.

Temos de nos vigiar e policiar nestas horas para não permitir que o sangue quente nas veias gere uma série de injustiças com os outros. E temos de tomar redobrada atenção com os familiares, pois, normalmente, são eles que sofrem as consequências de nossos desatinos. No serviço, e fora de casa, respeitamos as pessoas, o chefe, a secretária etc, mas, em casa, onde somos “familiares”, o desrespeito acaba acontecendo. É preciso toda a atenção e vigilância para que isso não aconteça. Os filhos, a esposa, o esposo, são aqueles que merecem o nosso primeiro amor e tudo de bom que trazemos no coração. Portanto, antes de entrarmos no recinto sagrado do lar, é preciso deixar lá fora as mágoas, os problemas e as tensões. Essas até podem ser tratadas na família, buscando-se uma solução para os problemas, mas, com delicadeza, diálogo, fé e otimismo.

Do livro: ‘Família, Santuário da Vida’, Prof. Felipe Aquino
Foto
Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com
Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br

Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?e=13391

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

SOS Vida

Como fechar as portas de casa para a droga 


Pesquisa feita em escolas da Capital revela que os pais estão falhando no diálogo com os filhos.

Um levantamento com 1,8 mil estudantes dos ensinos Fundamental e Médio de Porto Alegre/RS indica que os pais estão deixando uma porta aberta para a entrada das drogas em suas casas. O recado enviado por crianças e adolescentes é de que estão faltando informações e monitoramento adequado por parte das famílias a fim de aumentar a prevenção contra o uso de tóxicos.
Apresentada ontem pela Brigada Militar, a pesquisa demonstra que amigos e colegas são a principal fonte de informação dos alunos sobre drogas, embora a maioria diga esperar que os pais cumpram esse papel. A periodicidade com que os responsáveis abordam o tema também deixa a desejar. Parte dos estudantes de 12 escolas públicas e privadas entrevistados (42%) afirma que seus pais somente os procuram para falar quando o assunto aparece nos meios de comunicação. Outro dado preocupante é que 11% deles, com idades entre 13 e 18 anos, disseram jamais ter conversado sobre drogas em família.
– Mais da metade diz que quer aprender com os pais, mas acaba aprendendo com os amigos. Os dados mostram que os vínculos com os pais não estão acontecendo – interpreta o autor do levantamento, major da BM Alexandre Thomaz, chefe do gabinete regional da polícia cidadã do Comando de Policiamento da Capital.
Como resultado da falta de diálogo, as informações dos jovens sobre os efeitos de substâncias nocivas são poucas. Apenas 53% deles afirmaram conhecer o suficiente sobre drogas, mas, ao final das palestras oferecidas pela BM nas escolas incluídas no levantamento (os nomes são preservados pela corporação), 98% admitiram ter recebido informações novas. Para Thomaz, isso indica que o nível de conscientização é precário.
Para o psicólogo Lucas Neiva-Silva, que trabalha com crianças e adolescentes em situação de risco, o diálogo familiar é um fator de prevenção fundamental. O problema é que seguidamente os próprios pais não sabem o suficiente para transmitir aos filhos.
– A maioria dos pais não entende o processo pelo qual a droga mata ou faz mal. O discurso fica resumido a poucas frases que se repetem. Isso não funciona – diz o especialista.
Outro dado comportamental considerado preocupante é que muitas famílias não conhecem bem os amigos dos filhos, sejam da rua ou de meios eletrônicos como a internet. Segundo pesquisas sobre drogadição, a influência de más companhias é fator determinante para crianças e adolescentes decidirem experimentar substâncias proibidas.
 
:: ATENÇÃO AO USO DE REMÉDIOS DURANTE A INFÂNCIA

A prevenção ao abuso de drogas, tanto lícitas quanto ilícitas, deve começar ainda na primeira infância. Uma das formas é agir responsavelmente ao ministrar remédios para os filhos. Os especialistas recomendam que os pais evitem chamar medicamentos de “sucos” ou “balas” a fim de facilitar seu consumo. Isso pode sugerir uma falsa relação entre substâncias que devem ser tomadas apenas ocasionalmente e sob supervisão médica com produtos alimentícios. Assim, os responsáveis também ajudam a despertar na criança o conceito de que a vida não é feita apenas de bons momentos.
 
:: AJUSTE O DISCURSO CONFORME A IDADE DA CRIANÇA

Os pais não podem orientar os filhos sobre o risco das drogas da mesma maneira ao longo da infância e da adolescência. Essas explicações podem começar em qualquer idade, conforme a criança demonstre capacidade de compreensão do assunto. Daí até os oito, nove anos, pode-se adotar uma abordagem mais imperativa – dizer que a criança não pode tomar bebida alcoólica porque não é apropriado para sua idade, por exemplo. Depois dessa faixa etária, porém, ganha importância o caráter explicativo. Os pais precisam estar preparados para dar pormenores dos danos causados pelo uso de determinadas drogas e que justificam sua proibição.
 
:: EVITE ADOTAR SLOGANS: INFORME-SE ANTES DE CONVERSAR

Uma das abordagens mais comuns – e menos eficazes – utilizadas por pais e responsáveis de crianças ou adolescentes é sustentar seu discurso antidrogas em slogans como “droga mata” ou “droga faz mal”. Com o passar do tempo, a repetição acaba desgastando a expressão, e ela perde o sentido para o filho. A melhor maneira de evitar isso é se informando com maior profundidade sobre como essas substâncias agem no organismo e que tipo específico de prejuízo trazem.
– Uma boa dica, quando sai uma reportagem no jornal, por exemplo, é chamar o filho para ler e aprender junto. Deixar de repetir o simples discurso do medo – ensina o psicólogo Lucas Neiva-Silva.
 
:: PERMANEÇA ATENTO AO GRUPO DE AMIGOS DO SEU FILHO
 
Um dos maiores fatores de risco ao uso de drogas na infância e na adolescência é o que os especialistas chamam de “influência dos pares”, isto é, o grupo de amigos mais próximos. Por isso, além de orientar os filhos sobre os riscos da drogadição, os responsáveis devem acompanhar de perto quem são os amigos deles. Saber os locais que os jovens frequentam também é importante fator de prevenção. Para administrar o grupo de amigos, os pais não devem ter medo de estabelecer regras e impor castigos quando forem descumpridas – sempre explicando ao jovem que suas ações provocam consequências.

:: ESTIMULE SEU FILHO A ORIENTAR OS COLEGAS SOBRE AS DROGAS
 

Uma das maiores dificuldades dos pais é driblar uma eventual resistência dos adolescentes às orientações “caretas” sobre drogas. Uma dica é utilizar uma estratégia chamada “par a par” (do inglês peer to peer), isto é, educar o filho para que ele possa educar os seus amigos e colegas. Um exemplo desse tipo de abordagem é: “Tu deves ter algum conhecido que está entrando no mundo das drogas. Quem sabe tu não dá uns toques para ele, quem sabe ele não te ouve?”. Com esse tipo de enfoque, o jovem se sente valorizado, em vez de vigiado.

Fonte: Psicólogo Lucas Neiva-Silva
Fonte:Donna DC/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)


quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Filhos, uma escola de amor
 


No dia 07 de maio de 2013, meu quarto filho foi concebido. Poucos dias depois veio a confirmação da gravidez e naturalmente a notícia foi se espalhando.

Algumas pessoas como minha mãe e amigos próximos ficaram imensamente felizes e já foram logo dando palpite sobre o sexo do bebê. Outras pessoas já sorriram só com o canto da boca, respiraram fundo e deram uns parabéns amarelado ou por pura educação. Outras sequer conseguiram disfarçar seus pensamentos e teceram comentários divididos por categoria, os irônicos diziam: “vocês são animados hein!” ou “vocês não tem TV em casa?”; os pseudo-entusiastas: “vocês são guerreiros!” ou “nossa, que coragem!”; os calculistas: “mais um? meu Deus!” ou “quem vai pagar suas contas?” ou “vocês planejaram isso?” ou “já marcaram a laqueadura de trompas?”; e por fim os dramáticos: “foi um acidente?” ou “como vocês vão viver?” .

Comentários à parte, estamos imensamente felizes com a chegada do caçula da vez. No entanto, a decisão de escrever esse artigo é fruto do desejo de fazer uma pequena partilha do que vivo como pai e defensor da cultura da vida e expressar um pouco algo que me incomoda muito na cultura que vivemos atualmente.

Ah sim, você pode perguntar “E o que isso tem a ver com bioética?” Respondo: ABSOLUTAMENTE TUDO!!! Pois a bioética não pode ficar presa nos livros, conceitos e teorias, mas para defende-la e exercê-la com autoridade, é preciso antes de tudo acreditar nela na nossa própria vida.

Ao observar a postura de certos casais diante da realidade dos filhos, tenho me perguntado: Por que alguns casais estão convencidos de que os filhos são verdadeiros estraga prazeres da vida conjugal? De onde vem esta mentalidade de que os filhos diminuem a qualidade de vida do casal? Por que existe tanto espaço para a cultura materialista que só consegue enxergar os filhos como potenciais consumidores, gastadores e devoradores de salário? Por que alguns pais querem dar aos filhos um padrão de vida que não possuem como se isso fosse a fórmula do sucesso pessoal e familiar? Por que as pessoas tem tanto pavor do trabalho que as crianças dão em casa, enquanto se matam no trabalho para cumprir metas e conseguir promoções? Por que o cansaço e as exigências com a educação dos filhos são tão rejeitados? Por que as mulheres valorizam tanto o trabalho fora de casa como se educar um filho em casa não fosse um serviço tão ou mais nobre à sociedade quanto qualquer outro trabalho?

Passaria horas aqui somente escrevendo perguntas do tipo, mas esse não é meu objetivo, como também não é responde-las ou levantar um debate sobre cada um dos temas, isso daria um livro o qual eu não tenho competência para escrever.

Gostaria simplesmente de tentar descrever porque considero os filhos um dom preciosíssimo de Deus e uma verdadeira escola de amor. Nossos planos como casal nunca foram baseados no conforto, nem nas férias inesquecíveis na Disney, nem na casa dos sonhos, mas sempre foram baseados no papel que estávamos assumindo diante de Deus e da Igreja, ou seja, o compromisso de ser uma família. Não tenho nada contra as férias (aliás estou precisando das minhas), nem contra a Disney (dizem que é muito divertido), mas os que se casam confiando unicamente em planos materiais e só tomam decisões com a segurança da conta corrente não estão preparados para construir uma família que ama a Deus acima de todas as coisas e provavelmente não terão a fé como seu maior valor. Se você nunca pensou nisso ou simplesmente nem leva isso em consideração, sinceramente você tem meu respeito, mas, por experiência própria, posso garantir que o matrimônio como um empreendimento meramente humano perde uma dimensão que considero essencial.

Recordo quando descobrimos a gravidez do nosso 3º filho, uma pessoa chegou para mim e disse: “Ih… agora vocês se danaram. Saiba que o mundo foi feito pra quem tem no máximo dois filhos!” Eu estava um pouco destemperado no momento e respondi sem medir muito as palavras, mas expressando o que se passava no fundo do meu coração: – “E quem disse que nós geramos filhos pensando neste mundo minha senhora?”. Ela arregalou os olhos e viu que eu tinha me ofendido, mas fui obrigado a continuar, especialmente porque eu sabia que ela já havia criticado um outro casal amigo. Eu concluí dizendo: – “Uma família católica gera filhos para povoar o Céu e não nossas cidades, queremos gerá-los para a eternidade, pois é lá que desejamos encontrá-los um dia, a herança que temos para deixar para nossos filhos é a fé, o amor de Deus e a santidade, todo resto é consequência. O bem estar que ofereço é aquele que Divina Providência nos conceder”… Pelo silêncio acho que ela acabou entendendo. Mas é exatamente isso!

Um casal que rejeita o dom dos filhos ou se fecha irreversivelmente a essa possibilidade está invertendo em absoluto a razão de ser do matrimônio, do ato conjugal e do propósito de estarem unidos por um sacramento. Não estou aqui fazendo apologia à mera quantidade de filhos. Ninguém pode me acusar disso. Sobre esse assunto, o que digo é que existem quatro critérios que devemos adotar quando pensamos em ter filhos:
1. A confiança na vontade de Deus e na Divina Providência deve ser maior que nossos fundos de investimentos.
2. A quantidade de filhos não se calcula pela quantidade dos que já temos, mas pela generosidade com os que ainda podemos ter.
3. O próximo filho será ainda mais exigente, portanto, nos fará crescer ainda mais na partilha e no amor.
4. O melhor presente que posso dar aos meus filhos é o próximo irmão.

Ou seja, não é simplesmente uma questão ter muitos filhos, mas ter o máximo que o casal puder. Quanto mais filhos um casal tiver, mais experimentarão da Providência de Deus. Não estou fazendo apologia à irresponsabilidade, mas à generosidade.

Os filhos só terão sentido na vida de um casal e assim contribuir para a santidade da família se eles forem entendidos e acolhidos como dons de Deus e não como intrusos, vilões ou saqueadores de seu cheque especial. Você pode estar ai dizendo que isso é um exagero ou que eu vivo fora da realidade. Nada disso! Há momentos, não poucos, em que temos a impressão que os filhos exigem mais do que podemos dar, humana e financeiramente, ou que a educação que damos vai parar em qualquer outro lugar que não seja a cabecinha da criança. Isso tira qualquer um do sério, mas não justifica a rejeição dos filhos, nem a substituição do nosso papel na sua educação, muito menos achar que tudo que fizemos até hoje de nada valeu. Ultimamente, quando estou muito cansado e me pego rejeitando dar atenção ou calculando quanto amor vou dar a um filho, penso em três coisas, exatamente nessa ordem:
1. Como São José agiria nesse momento?
2. Nas crianças abortadas que não tiveram a chance de nascer.
3. Nas famílias que estão na fila da adoção na esperança de ter pelo menos um filho em casa. Pode parecer um pouco ingênuo, mas pelo menos funciona.

Há duas coisas que vem junto com os filhos. Uma é inversa e outra diretamente proporcional à sua quantidade. O tempo livre será sempre inversamente proporcional e o cansaço sempre diretamente proporcional à quantidade de filhos. Isso não tem escapatória! Quanto ao tempo, não tem jeito, se não tivessem os filhos, seria ocupado com outra coisa, talvez até menos nobre.

Nunca considero o tempo que passo com meus filhos uma perda, nem fico ponderando mentalmente o que eu poderia estar fazendo caso não estivesse ali com eles, pois isso seria uma espécie de traição e talvez diminuísse minha alegria de estar com eles. Não adianta, educação não se terceiriza e quem cai nessa cilada, muito cedo paga o preço. Educar os filhos exige muito mais esforço que os mais árduos trabalhos profissionais. Talvez por isso alguns preferem, consciente ou inconscientemente, distrair os filhos do que educá-los. Outros talvez tenham medo de colocar limites claros e dar punições para não perder a amizade dos filhos. Mas a realidade da boa educação exige exatamente o contrário. Meus filhos ainda são pequenos, ainda me idolatram como qualquer criança, mas tenho certeza que seria muito mais fácil eu perder a amizade futura dos meus filhos por não tê-los deixado aprender com as quedas do que pela liberdade que dei para aprenderem a caminhar com suas próprias pernas e entender que crescer e amadurecer dói. Educar é penoso e por vezes vergonhoso porque mostra muito mais os limites dos pais do que as capacidades dos filhos. Por isso, ao invés de fugir desta sadia responsabilidade, devemos abraça-la ainda com mais dedicação.

Quanto ao cansaço, esse é uma marca do sofrimento físico de quem ama. Um corpo sem as marcas do sofrimento, das exigências de quem se doa ao outro é um corpo que reflete muito mais o que faço para mim do que o que faço pelos outros. O corpo de quem ama é esculpido pelo amor e não pelas academias, por isso, nossos melhores “personal trainers” são nossos filhos. Um corpo que se desgasta por amor é um corpo sarado sim, mas sarado no sentido de ser curado a todo instante de um possível egoísmo ou fechamento aos outros.

Sempre confesso meu cansaço ao cuidar das crianças, mas ajudar nas tarefas de casa, dar as refeições, conviver com meus filhos, poder sorrir com eles, ouvir suas palhaçadas, consolar as dores das suas quedas, fingir que eles são engraçados, dar atenção, corrigir seus erros, tirar as dúvidas brincar, contar histórias, escovar os dentes, brigar, cantar e rezar com eles é um grande presente de Deus.

Concluo dizendo que só sabe educar quem decide amar. Definitivamente, amar não é uma emoção agradável, nem um sentimento gostoso, como descer numa montanha russa. Amor é uma decisão séria e comprometida que envolve em primeiro lugar a felicidade do outro e não a minha. Amar é um sim mútuo entre dois imperfeitos que se escolhem. Amar é decidir-se por fazer o que é melhor pelo outro ainda que isso custe o meu tempo, meus planos, meu sono, minha beleza, minhas últimas energias. Com alegria digo que Deus não me deu o dom da vida para ser retido, afinal, o que guardamos demais acaba perdendo a validade e apodrecendo. Nunca o cansativo cuidado com os meus filhos aliviou tanto meu cansaço.

Por fim, posso dizer, não se descansa apenas dormindo. Descansa-se acima de tudo amando e servindo aos outros. Quando se ama de verdade, até o sono é uma forma de amar, pois o repouso nos fará servir melhor aos outros ao despertar. Por essas e outras razões, posso afirmar que os filhos são uma escola de amor!

Por Renato Guimarães Varges

Fonte: http://blogdafamiliacatolica.blogspot.com.br/2013/11/mais-um-filho.html

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Homilia do Santo Padre: Os idosos são o tesouro da sociedade

Francisco recorda o valor da velhice e nos convida a cuidar dos nossos avós



Um povo que não respeita os seus avós é um povo sem memória e, portanto, sem futuro. Foi em torno desta ideia que o papa Francisco desenrolou a homilia da missa desta manhã na Casa Santa Marta. O papa comentou a passagem bíblica do ancião Lázaro, do livro dos Macabeus, que escolheu o martírio por coerência com a fé em Deus e para dar um testemunho de retidão aos jovens.

O santo padre explicou que "aquele homem não teve dúvidas na hora de escolher entre a apostasia e a fidelidade", descartando "a atitude de fingir, de fingir piedade, de fingir religiosidade...". Em vez de cuidar de si mesmo, ele pensou nos jovens, no legado que o seu ato de valentia deixaria para eles, destacou o papa.
"A coerência desse homem, a coerência da sua fé, mas também a responsabilidade de deixar uma herança nobre, uma herança verdadeira. Nós vivemos numa época em que os idosos não contam. É feio dizer isso, mas eles são descartados mesmo, não são? Porque incomodam. São os idosos que nos trazem a história, que nos trazem a doutrina, que nos trazem a fé e que nos dão a fé como herança. São eles, como o bom vinho envelhecido, que têm aquela força interior capaz de nos dar uma herança nobre".
Francisco recordou neste ponto uma história que ouviu na infância, cuja protagonista era uma família: "papai, mamãe, os filhos", além do avô, que, quando tomava a sopa na mesa, "se lambuzava e sujava o rosto". Incomodado, o pai explicou aos filhos por que o avô se comportava assim e comprou outra mesa para deixá-lo separado. Esse mesmo pai chegou em casa, dias depois, e viu um dos filhos brincando com a mãe. "O que você está fazendo?”, perguntou o pai ao filho. "Uma mesa", respondeu o menino. "E para quê?". "Para você, papai, para quando você for velho como o vovô".
Francisco afirmou que essa história lhe fez muito bem durante a vida toda. "Os avós são um tesouro. Na Carta aos Hebreus, o capítulo 12 nos diz: 'Lembrai-vos daqueles que vos dirigiam, porque eles vos anunciaram a Palavra de Deus: considerai como terminou a sua vida e imitai a sua fé'. A memória dos nossos antepassados nos leva à imitação da fé. A velhice, muitas vezes, é um pouco ‘feia’ mesmo, não é? Por causa das fragilidades e doenças que vêm com ela, mas a sabedoria dos nossos avós é a herança que nós temos que receber. Um povo que não cuida dos avós, um povo que não respeita os avós, não tem futuro, porque não tem memória, perdeu a memória".
Francisco acrescentou ainda que "nos fará bem pensar em tantos idosos e idosas, em tantos que estão nos asilos, e também em tantos outros que... É feia essa palavra, mas vamos dizê-la: que são abandonados pelos seus. Eles são o tesouro da nossa sociedade".
"Vamos rezar pelos nossos avôs, pelas nossas avós, que tantas vezes tiveram um papel heroico na transmissão da fé em tempos de perseguição. Quando o papai e a mamãe não estavam em casa e tinham ideias estranhas, que a política daquele tempo ensinava, foram os avós que transmitiram a fé. Quarto mandamento: é o único que promete alguma coisa em troca. É o mandamento da piedade. Ser piedosos com os nossos antepassados. Peçamos hoje a graça aos velhos santos, Simeão, Ana, Policarpo e Lázaro, a tantos anciãos santos: peçamos a graça de cuidar, de escutar e de venerar os nossos antepassados, os nossos avós".

Fonte: http://www.zenit.org/pt/articles/homilia-do-santo-padre-os-idosos-sao-o-tesouro-da-sociedade
Educadores advertem: “Observe bem o que seus filhos veem na internet”.
 
bully
 
Jovens se deixam fotografar ou tiram fotos de si mesmos despidos e as enviam a amigos pela Internet. Esses jovens não se preocupam com as consequências que essas fotos — em si mesmas de um caráter reservado — possam causar em outros que as vêem na Internet, advertem pedagogos e a polícia.
Normalmente a troca de fotos pornográficas por menores de idade — mesmo com o consentimento deles — é proibida. Muitos jovens não se dão conta dos perigos e das consequências resultantes dessa troca de fotos. Elas são sujeitas a penas judiciais em razão dos problemas psicológicos que causam.
A tendência em pôr as próprias fotos pornográficas no circuito da internet se acentuou nos últimos dois ou três anos, declaram os pedagogos e especialistas em mídia Jens Wiemken, da cidade de Vechta, e seu colega Moritz Becker.
Somente agora os diretores das escolas de Cloppenburg se deram conta do fenômeno e a ele dedicam sua atenção. Numa carta dirigida aos pais dos alunos eles comunicam: “As fotos se espalham rapidamente através de smartphones. Há pouca esperança de que elas fotos sejam retiradas da internet.” Outro diretor de um ginásio observa que “os alunos não têm consciência do problema”.
Hoje não é mais como antes: aos 12 anos de idade, jovens já tomam conhecimento dessas fotos pela Internet. Grande número delas é tirado continuamente, pois a concepção do que seja a esfera privada vai desaparecendo, acentua Wiemken. Fotografar-se a si mesmo é um meio de chamar a atenção e dar-se importância. Torna-se necessária uma instrução para que jovens usem corretamente a Internet. Eles precisam se dar conta das consequências resultantes do envio de textos ou fotos pornográficos.
Os pais devem falar com seus filhos a respeito da troca de material sobre sexo, esclarece Kirstin Langer, diretora da associação. “Observe bem o que seus filhos veem na internet”. Frequentemente os jovens têm uma idéia muito limitada da má impressão que podem causar ao outro sexo. Neste caso é preciso que os pais assumam sua responsabilidade e corrijam a situação.
Não é possível que os jovens tenham a idéia de que podem mostrar o próprio corpo quando desejam se mostrar interessantes — adverte Langer. Essa idéia prejudica sobretudo as crianças cuja aparência não corresponde ao ideal de beleza.
O abuso de fotos íntimas na Internet é a pior forma de mobbing cibernético, diz o psicólogo de crianças e adolescentes Urs Kiener. Para adolescentes em geral, é altamente prejudicial quando suas fotos circulam pela Internet. Eles se sentem então desamparados e desesperados.
Mathias Von Gersdorff
Do site alemão “Kultur und Medien”, em 5-11-2013
 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Dúvidas sobre o processo de adoção de uma criança

O processo de adoção não é complicado mas também não é só "chegar e levar". Conheça os principais procedimentos para uma adoção.


A adoção de crianças não é um processo tão simples. Os adultos interessados em adotar um pequeno leva 1 ano ou mais para viabilizar esse sonho. Sobram motivos para a demora em ter a criança. É preciso que inúmeros dados dos possíveis responsáveis sejam checados e aprovados.
O Guia do Bebê apresenta dúvidas básicas do processo adotivo e algumas curiosidades. Saiba, por exemplo, que é raro encontrar crianças com menos de três anos.
Geralmente as crianças disponíveis para adoção tiveram abalos emocionais e têm mais de cinco anos.
Eis algumas perguntas e respostas sobre adoção, com base em informações extraídas no site do Conselho Nacional de Justiça

Quantas crianças estão disponíveis para adoção no país e qual a faixa etária?

Resposta: O último levantamento feito pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em outubro de 2011, informa que 28 mil crianças estavam à disposição para adoção em 2011. Principal instrumento de adoção no país, o Conselho Nacional de Adoção (CNA) tem catalogadas 5,4 mil crianças e jovens para adoção, sendo que 4,3 mil (80%) estão na faixa etária acima de 9 anos.

É preciso estar casado para entrar com processo de adoção?

Resposta: Não. Para dar entrada ao processo de adoção, basta ser maior de 18 anos e ter 16 anos a mais que a criança a ser adotada. Pode ser solteiro, casado ou viúvo.

Casal homossexual também pode adotar?

Resposta: Sim. Não há lei que autorize casais homoafetivos a ter filhos adotados, mas juízes estão concedendo pareceres favoráveis a esses casais, defendendo que o mais importante é dar uma vida digna ao pequeno.

Como faço para dar entrada no processo de adoção?

Resposta: Deve procurar a Vara da Infância e Juventude do município munido de documentos. Será preciso fazer uma petição para dar início ao processo de inscrição. Caso seja aprovado, seus dados passarão a fazer parte de cadastros estadual e nacional. Confira detalhes no link a seguir http://www.cnj.jus.br/images/programas/cadastro-adocao/guia-usuario-adocao.pdf

Eu posso escolher as características da criança pretendida?

Resposta: Sim. Assim que você fizer o registro e ser aprovado, será automaticamente inserido na fila de adoção do seu estado e agora aguardará até aparecer uma criança com o perfil compatível com o perfil fixado pelo pretendente durante a entrevista técnica

Qual é o critério de prioridade nesta fila de espera por filho?

Resposta: Os critérios variam conforme os Estados em que vivem os país e conforme determinações judiciais

Inscritos no Cadastro Nacional de Adoção têm mais facilidades?

Resposta: Sim. Em outubro de 2012, o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Francisco Falcão, sugeriu a juízes da Infância e Juventude que só concedam a guarda provisória de crianças com menos de 3 anos de idade a pessoas e casais habilitados no Cadastro Nacional de Adoção (CNA) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Existem medidas para evitar que pessoas comprem crianças de pais pobres?

Resposta: Sim. O Cadastro Nacional de Adoção (CNA) existe, entre outras coisas, para regulamentar, ter conhecimento prévio do interessado em adotar e evitar que pobres vendam os filhos. Crianças com menos de 3 anos só podem ser adotadas através do CNA, exceções de adoção unilateral ou feita por parentes com a qual tenha afinidade.

Existe um período de adaptação na adoção? Ou seja, a criança poderá conviver comigo durante algum tempo para que o juiz tenha certeza de que a adoção vai dar certo?

Resposta: Sim, existe período de adaptação para crianças com mais de um ano. Acompanhados de profissionais da Seção de Adoção, os adultos terão encontros periódicos com a criança. São visitas regulares. A ideia é que tanto as crianças quanto os adultos se sintam seguros de que a adoção é de fato o melhor caminho a ser adotado.

Eu posso visitar as crianças disponíveis para adoção e escolher qual eu desejo antes de dar entrada ao pedido de adoção?

Resposta: Não existe mais essa ideia de que os adultos vão a uma instituição, olham as crianças, e diz: ‘vou levar essa’. Primeiramente, a pessoa precisa fazer o registro no Cadastro Nacional de Adoção, onde é detalhado o perfil da criança idealizada. Com base nos dados catalogados, serão conferidas crianças que têm características semelhantes às preenchidas nos documentos. A pessoa será comunicada assim que uma criança com o perfil registrado estiver à disposição. Feito o contato, os adultos poderão conhecer a criança antes da adoção. Se for recém nascida, a pessoa poderá levar logo após a visita.

Além da documentação, precisarei passa por algum processo de entrevista?

Resposta: Sim. Será feita uma análise detalhada da família para saber a maneira como vivem as pessoas interessadas, as condições econômicas oferecidas, entre outros detalhes particulares. Esse trabalho será executado por um assistente social ou psicólogo. Os profissionais também conhecerão o local onde a criança passaria a morar. A partir do relato dos profissionais ligados à adoção, mais documentação, os candidatos a pais terão sucesso ou reprovação, dependendo de cada caso.

O aspecto financeiro influencia no critério de adoção? Ou seja, eu preciso ter um rendimento mínimo mensal para que o juiz autorize a adoção?

Resposta: Não existe um valor mínimo mensal para avançar na adoção. O primordial é que a família ofereça condições econômicas suficientes para um desenvolvimento decente da criança. E também não quer dizer que uma família milionária terá garantia de adoção. Como foi dito na questão acima, as entrevistas com as famílias terão grande peso neste processo adotivo.

Eu posso adotar mais de uma criança ao mesmo tempo?

Resposta: Sim. Existem vários casos de adoção de gêmeos, por exemplo. Pessoas cadastradas no CNA recebem ligações conforme a lista de chamadas. Pode ocorrer de a pessoa ser informada de que dentro do perfil de criança idealizada, apareçam gêmeos ou irmãos.

Amor perfeito

A perfeição desse amor desejado se faz no sacrifício da entrega

 
Todos queremos encontrar alguém e viver um relacionamento que dure eternamente. Muitas revistas investem em matérias que prometem nos ajudar a encontrar o par ideal em dez passos, com apenas alguns testes. Mas, infelizmente, não há um gabarito para viver um amor perfeito, tampouco “mandinga”, simpatias ou qualquer outra receita.

Há quem duvide da existência desse sentimento, mas se há interesse em viver um grande amor, precisamos nos comprometer verdadeiramente com a pessoa amada.

Precisamos acreditar que podemos fazer sempre algo a mais para conquistar o coração das pessoas com quem convivemos. Para alcançar essa meta é imprescindível nosso empenho em promover a felicidade de quem amamos. Um exemplo dessa dedicação acontece com as mães, que acordam cedo para preparar o café das crianças. O mesmo fazem os pais que dedicam a vida no trabalho para conceder conforto para os seus, entre outros.

Se perguntarmos a nossos pais o quanto lhes custou todo esse esforço, certamente eles dirão que foi a satisfação de ver os filhos crescerem.

Em nossos relacionamentos, geralmente começamos com grande afinco no exercício da realização dos desejos da outra pessoa, mas, ao longo da caminhada, alguns atritos podem suscitar em nosso coração a vontade de não sermos mais tão dedicados.

Algumas pessoas, já nos primeiros embates, querem desistir. No entanto, aquilo que distingue um verdadeiro relacionamento de qualquer outro tipo de envolvimento é o comprometimento entre as pessoas que se amam. E só podemos viver essa experiência quando conhecemos as necessidades do outro a respeito desse projeto de vida em comum, no qual devemos nos empenhar para o seu amadurecimento.

Embora sejamos românticos ao afirmar que encontramos o amor da nossa vida, na prática, corremos o risco de desejar apenas receber amor e atenção e não suprir os anseios de nossa (o) companheira (o).

Disso se faz a exigência de um relacionamento. Pois, para isso, custará o esforço de abandonar o nosso egocentrismo, a importância de nossas necessidades em favor do outro. Tal desprendimento faz com que coloquemos a pessoa amada em primeiro lugar e isso não deve ser feito por opção, mas pelo bem-estar do relacionamento. Caso contrário viveremos numa disputa de cada um querer defender seu interesse individual.

Imbuídos dessa convicção, criamos novas experiências, mudamos a nossa maneira de pensar, de ver o mundo e as pessoas dentro de suas limitações, sem deixarmos de ser um com o outro.

A perfeição desse amor desejado se faz no sacrifício da entrega. Assim, o amor, o carinho e a atenção que desejamos receber serão proporcionais àquilo que ofertamos.

Um abraço!



Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com
Dado Moura é membro aliança da Comunidade Canção Nova e trabalha atualmente na Fundação João Paulo II para o Portal Canção Nova como articulista. Autor do livro Relações sadias, laços duradouros e Lidando com as crises
Outros temas do autor: www.dadomoura.com
twitter: @dadomoura
facebook: www.facebook.com/reflexoes

Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?e=13355

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A rotina que mata os relacionamentos

Alguém precisa tomar a iniciativa!

 
Quando falamos de rotina, trazemos à mente quase sempre o dia a dia de uma família, com todos os seus compromissos, realizados quase que de maneira mecânica. Contudo, esse mal afeta todos os relacionamentos, inclusive, alguns namoros com pouco tempo de duração ou outros que já estão se preparando para o casamento.

Muita coisa já se passou, desde aquele momento em que o casal trocara os primeiros olhares. A conversa e os momentos românticos tomavam conta, praticamente, de todos os encontros dos apaixonados. As datas eram celebradas ao completar o aniversário do primeiro beijo, do primeiro ano de namoro e, assim, sucessivamente. Cada ocasião comemorada era marcada com presentes ou passeios para celebrar a memorável data. Vez ou outra, o namorado surpreendia a namorada ao buscá-la no trabalho com um telefonema fora de hora ou com qualquer outro tipo de gesto inesperado por ela.

Depois de alguns anos, nos vemos num relacionamento estável – algo que sempre desejávamos ter – mas podemos perceber que alguns tratamentos parecem ter ficado “embolorados” com o tempo. Para os namorados, a rotina dos afazeres com os estudos, faculdade e trabalho pode ter se intensificado e, com ela, outras coisas talvez tenham se perdido ao longo do caminho.

Muito mais suscetíveis aos efeitos malévolos da rotina estão aquelas pessoas que já estão casadas. Com o crescimento do relacionamento, vieram os filhos e, com eles, a necessidade de subdividirem o tempo com outras atividades. As obrigações domésticas passam a ser múltiplas, por essa razão, não será difícil para o casal se sentir sobrecarregado e exausto com as tarefas do dia a dia. Embora estejamos cumprindo, de maneira exemplar, todos os nossos compromissos, podem acontecer mudanças significativas na maneira como os nossos relacionamentos têm sido conduzidos.

Não importa o quanto dizemos amar nosso(a) namorado(a) ou cônjuge; quando a nossa agenda nos deixa muito ocupados, é fácil perdermos a atenção para os pequenos detalhes. Sejam casais ricos ou pobres, letrados ou não, se eles permitirem que o germe da falta de tempo de um para com outro contamine sua convivência, nenhum deles estará livre de viver o esvaziamento de seu relacionamento. Esse descuido pode levar o cônjuge a achar que, como casal, os dois já não têm mais nada em comum; pois embora vivendo sob o mesmo teto, dormindo na mesma cama, eles já não se sentem mais apaixonados.

Muito se fala que a rotina pode matar a saúde de um relacionamento e que, para garantir a durabilidade do nosso compromisso, é necessário fazer viagens ou outras coisas para quebrar aquele ritmo "viciado" no qual podemos nos encontrar. Não há duvida de que um passeio ou uma viagem de segunda lua de mel, para os casais, seja uma maneira de revitalizar suas energias. Entretanto, bem sabemos que nem todas as pessoas dispõem de condições financeiras para lançar mão desses artifícios. Por outro lado, que garantias teriam os casais de que, após uma longa viagem pela Europa, poderiam livrar o casamento da falência provocada pela monotonia? Com condições financeiras para fazer uma viagem ou simplesmente para tomar um sorvete na praça da cidade, o objetivo dos casais em sair da rotina deve estar no desejo de reviverem aqueles pequenos detalhes, os quais foram as centelhas dos primeiros encontros.

Então, aquelas emoções provocadas tanto na namorada, pela surpresa de encontrar uma mensagem no celular, como na esposa, ao ver colado no espelho do banheiro um bilhete apaixonado, podem despertar no casal o sentimento de que ainda podem ser românticos, seja num banco de um jardim ou no convés de um transatlântico.

A rotina pode matar um relacionamento, especialmente, quando o casal não consegue identificar aquilo que está sendo perdido entre eles. Mas alguém precisa tomar a iniciativa de romper com a “formatação” do convívio. Não tenha medo de viver essa competição, quando o objetivo é viver bem seu estado de vida.


Um abraço!



Foto Dado Moura
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Dado Moura é membro aliança da Comunidade Canção Nova e trabalha atualmente na Fundação João Paulo II para o Portal Canção Nova como articulista. Autor do livro Relações sadias, laços duradouros e Lidando com as crises
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segunda-feira, 26 de agosto de 2013


Preparação remota - o exemplo dos pais é ponto de partida

 

O estilo cristão de vida, testemunhado pelos lares cristãos, é já uma evangelização, é o próprio fundamento da preparação remota


Há quinze dias, em nossa coluna (Edição do Zenit de 09 de Agosto) falávamos da necessidade de se planejar estrategicamente também para a formação de nossa família, pois assistimos (ou vivemos) a um grande desequilíbrio de valores onde vale tudo na incansável busca de sucesso profissional, financeiro e um futuro garantido.

Nesta maratona, posso dizer que a grande maioria dos católicos fazem da preparação para o matrimônio, assim como fazem da catequese, uma ação delegada unicamente à Igreja através das organizações diocesanas e paroquiais.

Sim, a Igreja assume importante fatia desta responsabilidade e para isto deve, além de fazer do matrimônio um tema constante em todos os seus momentos, organizar ocasiões estruturadas para a formação dos casais através da preparação próxima e imediata, que serão oportunamente aqui abordadas.

Mas o início desta construção deve ocorrer no seio da família, ainda distante da data do matrimônio, o que é chamado de preparação remota. É aí que as crianças percebem como seus pais são felizes e se esforçam para fazer viver o compromisso assumido com muita disposição e fé. "O estilo cristão de vida, testemunhado pelos lares cristãos, é já uma evangelização, é o próprio fundamento da preparação remota", nos afirma o documento Preparação para o Sacramento do Matrimônio, do Conselho Pontifício para a Família.

Fazendo um paralelo com o planejamento estratégico em uma corporação, o primeiro passo é mostrar aos colaboradores os valores daquela empresa, pois se eles não acreditam na proposta, não serão  motivados a doarem-se por ela. Por outro lado, o colaborador que é conquistado pela empresa, almeja seu futuro ali mesmo e investe seu potencial para se consolidar e crescer neste ambiente. Na família não é diferente, quando os filhos percebem que a vida de seus pais é um caminho de doação e realização para toda a família, com valores especiais e perenes, sentem-se motivados a trilhar o mesmo caminho. Note como é comum que os filhos, em sua primeira infância, sonhem com a carreira de seus pais.

Mas quando o tema é casamento, não é raro escutar brincadeiras infelizes até dentro dos lares católicos. Casamento? Uma prisão de luxo! Vai se enforcar?  Ou ainda expressões circulam de modo tão comum e nem analisamos, como: Ah, já orientei meu filho a primeiro curtir bastante a vida para depois se casar!

Querem dizer, então, que o casamento é o oposto de se curtir a vida?  Há ainda os pais católicos que não acreditam que o casamento é "até que a morte os separe", simplesmente dizendo: Filha, constrói a sua vida antes de casar, pois se não der certo...  Levando-se em conta que o matrimônio é um Sacramento, a mim, isto parece o mesmo que dizer a um seminarista: trabalha e faz seu patrimônio antes de ser ordenado...

Já não são muitos os que buscam o matrimônio e, como já comentou o Papa Francisco, talvez a metade dos que se casam não tenham real conhecimento do passo que dão. E como se não bastasse a clara campanha contra a família coordenada por fortes instituições, muitos cristãos, mesmo sem intenção de fazê-lo, incorporam a mentalidade antimatrimônio aos seus hábitos. Por estas e muitas outras não tenho qualquer receio em dizer que o matrimônio poderia ser objetivo de vida de muito mais pessoas se não houvesse a propaganda negativa feita pelos próprios cristãos.

Mais uma vez, o documento Preparação para o Sacramento do Matrimônio toca neste ponto ao comentar sobre como deve ser o comportamento dos pais: "Um tal estilo de vida cristã encontra o seu estímulo, apoio e consistência no exemplo dos pais que se torna para os nubentes um verdadeiro testemunho."

Os pais devem ser os primeiros responsáveis pela primeira etapa de preparação para o Matrimônio: a preparação remota. Para isto devem se dedicar para que seus matrimônios cresçam continuamente através da busca de formação e vida de oração, para que isto frutifique em vida de doação. Além do exemplo e ensinamento doméstico, também deve integrar seus filhos na vida da Igreja através de suas próprias participações ativas.Devem se planejar e se comprometer. Muitos são os grupos que ajudam nesta caminhada, como Pastoral Familiar, Encontro de Casais com Cristo, Movimento Familiar Cristão, Ministério das Famílias-RCC e vários outros. Em algum deles há um lugar esperando por sua família.

Se você é casado, lanço a pergunta: Qual foi o último livro que leu, com sólidas bases cristãs, para o crescimento de seu casamento? Se é solteiro, pergunto o que tem estudado para discernir ou consolidar sua vocação? Se é um presbítero ou um(a) consagrado(a), pergunto que ações de formação familiar tem promovido em sua comunidade?

Permita-me testemunhar o sentimento de um de nossos filhos. Ainda muito longe de sermos o que Deus espera de nós, ao menos o esforço por construir um lar e a alegria de viver em família são claramente percebidos por eles. Nosso primeiro filho, João Bosco, com 11 anos, há pouco tempo, perguntou: Mãe, quem ganha mais, um piloto ou um cientista? Minha esposa respondeu que não sabia exatamente, mas que qualquer profissão, seguida com carinho, lhe daria a realização. Ele respondeu: Não mamãe, não é por isso. É que quero saber se dá pra ter uns cinco filhos!

Dias depois, nossa quarta filha, Maria Paula, com 4 anos, sem ter presenciado a pergunta do João, também chegou comentando: Quando eu crescer vou ser mãe e ter cinco filhos!

Paz e bem!

André Parreira (alparreira@gmail.com), da diocese de São João del-Rei-MG, é autor de livros sobre a preparação para o matrimônio e responsável no Brasil pelo DVD "Sim, Aceito!", lançado em parceria com a Pastoral Familiar da CNBB. Empresário, casado e pai de 6 filhos, colabora na formação de jovens e casais.

(23 de Agosto de 2013)

 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013


Matrimônio: entre crise e beleza


O verdadeiro problema atual não é a crise no casamento, mas sim a crise de fé, que não permite ao homem reconhecer a beleza do matrimônio e dos dons de Deus.

 


Roma, 07 de Agosto de 2013  Pe. Anderson Alves 

Fala-se muito ultimamente de casamento. Esse parece ser um direito de todos e, ao mesmo tempo, tem-se a impressão de que se sabe cada vez menos o que ele realmente é. Existem muitos casamentos que se rompem e é ainda maior o número de pessoas que não se decidem jamais a se casar.

A Palavra de Deus também fala muito do matrimônio, no contexto da revelação de Deus à família humana. Jesus ensina que o casamento é algo sagrado, um gesto com o qual um homem e uma mulher se tornam um só corpo e alma por toda a vida. E o Senhor sempre acolheu e abençoou as crianças, o fruto natural do casamento. Deus revela-se então como alguém que ama e abençoa as famílias; na verdade, ele quis que o homem viesse ao mundo através das famílias e Ele mesmo se fez homem no seio de uma família humana. O Deus que é único, grande e todo-poderoso fez-se criança em Jesus, vivendo por trinta anos, submetido a uma família.

O Evangelho fala-nos, sem dúvida, da santidade e indissolubilidade do matrimônio: aqueles que se casam, tornam-se uma só carne e nada pode separá-los. Mas estas palavras para nós, homens do século XXI, são fonte de certo desconforto e confusão. Sabemos que mais de 40% dos casamentos falham, e muitos querem considerar “direito” separar o que Deus uniu. Esta é uma verdadeira tragédia atual, que causa dor e sofrimento, especialmente nas crianças. O casamento parece ser uma escolha de poucos e algo sem nenhum valor. Nesta situação, as crianças são cada vez mais raras e chegam quase a desaparecer.

No entanto, se o homem olha para si mesmo, percebe que possui um grande desejo de amar outra pessoa totalmente, para ser feliz, fazendo outra pessoa feliz. Todo homem tem o desejo de doar-se totalmente, pois o amor ou é total ou simplesmente não existe. O amor exige a eternidade, a perfeita doação. Mas porque temos este desejo e, ao mesmo tempo, parece ser impossível de realizá-lo?

Este grande desejo existe, porque a nossa vida é um dom gratuito, recebido de Deus. Não viemos à existência por nós mesmos, mas por causa do amor de outras pessoas. Deus nos criou livre e gratuitamente, sem pedir nada em troca, porém isso se realizou através do amor de nossos pais. Por esta razão, o homem só pode ser realizado quando se entrega, doando a Deus e aos outros os bens recebidos.

Uma das maneiras – certamente não a única – de entregar-se totalmente a Deus e aos outros é o matrimônio. Os cônjuges que se amam, acima de tudo amam a Deus, fazem de suas vidas um dom recíproco, encontram um caminho para a felicidade e podem cooperar com Deus no poder único de gerar vidas. O verdadeiro amor é absoluto, exige a totalidade do tempo, a abertura à vida, o desejo de entregar-se para sempre. Aquele que ama verdadeiramente busca doar-se completamente, e quando o amor é doado, não se perde ou extingue, mas cresce e frutifica. O amor é destruído somente quando uma pessoa se casa pensando em fazer-se feliz e não descobre que só existe um caminho para a felicidade: buscar a felicidade da pessoa amada.

Além disso, Deus quis que o casamento fosse um Sacramento, um sinal sagrado que dá aos homens a capacidade de doar-se em um amor total e fecundo para toda a vida. “Nosso Salvador foi ao casamento de [Canaã] para santificar as origens da vida humana” [1]. E o Sacramento pressupõe a igualdade da dignidade de homem e mulher, assim como a complementaridade. O livro de Gênesis diz que Adão, após a criação, viu todos os animais e não encontrou nenhum que lhe fosse semelhante. Em seguida, o texto bíblico usa uma bela imagem poética: a mulher foi criada a partir de uma costela do homem. A imagem significa que a mulher é igual ao homem em dignidade. Ela não foi feita dos pés de Adão, porque não é inferior a ele; nem mesmo pode-se dizer que Deus tenha tirado o cérebro do homem para fazer a mulher. Deus a criou a partir da costela do homem, porque é a parte do corpo humano que está mais próxima ao coração. Assim, quando Adão viu Eva gritou de alegria: “Esta é, realmente, osso dos meus ossos e carne da minha carne. Ela será chamada mulher, porque foi tomada do homem” (Gn. 2, 22-23).

O Beato João Paulo II, comentando estes textos, disse que Deus criou todas as coisas com ordem, começando pelas mais simples, como a luz, a água, a terra, e terminou com as mais complexas: o homem e a mulher. Por conseguinte, a mulher é mais a criatura mais “perfeita” do universo e a mais complexa. Por esta razão, os homens são incapazes de entender as mulheres e o demônio quis tentar em primeiro lugar à mulher. Ele sabia que, uma vez destruída a dignidade da mulher, toda a criação viria à ruína. Ele agora usa a mesma estratégia: destruir a figura da mulher para pôr em crise toda a sociedade.

Homens e mulheres são semelhantes e estão ligados pelo coração; mas para permanecer fiel um ao outro necessitam de Deus, da sua graça, que é dada especialmente no dia em que recebem o Sacramento do matrimônio. A graça, porém, necessita ser alimentada diariamente, através da oração comum, da participação nos demais Sacramentos. O verdadeiro problema atual não é a crise no casamento, mas sim a crise de fé, que não permite ao homem reconhecer a beleza do matrimônio e dos dons de Deus. Quem se afasta de Deus, se esquece de que o homem é uma criatura que só se realiza através da doação livre e gratuita. Peçamos ao Senhor que as famílias cristãs sejam capazes de encontrar sua força em Deus e que os jovens não tenham medo de realizar o plano que Deus tem para eles.


*

NOTAS

[1] São Cirilo de Alexandria, In Ioannem Commentarius, 2, 1 [PG 73223].

 



terça-feira, 13 de agosto de 2013

Amor e sexo na vida conjugal

A falta de atitude desgasta qualquer relacionamento
Dentre as muitas definições que arriscamos fazer sobre a palavra “amor”, nenhuma delas poderá ser eficaz se não houver o comprometimento das pessoas naquilo que lhes traz a realização mútua.

Algumas pessoas vivem seu relacionamento conjugal de maneira bastante turbulenta, com abusos, violência ou em situações de egoísmo que jamais poderiam ser estabelecidas num convívio, o qual tem como princípio o crescimento comum. Tal relacionamento, se assim permanecer, alcançará uma condição insustentável, fazendo com que um dos cônjuges opte pela separação, ainda que tenham se casado por amor.

Todavia, muitos casos de separação não acontecem somente pelas agressões sofridas por um dos cônjuges. Outras situações podem fazer com que os casais vivam a separação silenciosa, a qual facilmente poderá resultar no rompimento do compromisso conjugal ou permitir a abertura para relacionamentos paralelos, alegando que o amor e o encantamento do início tenham desaparecido entre eles.

Muito se comenta sobre a necessidade de o casal fazer o resgate do romantismo, mesmo tendo acumulado algumas dezenas de anos de vida conjugal. Mas o que eu tenho recebido como resposta é a dificuldade em recuperar tal sentimento devido às muitas “cinzas” surgidas sobre “as brasas” daquele amor que originou o casamento. Isso porque a falta de comprometimento e de atenção às outras queixas – inclusive no que diz respeito à vida sexual do casal – esvaziou-se ao longo do tempo.

Conhecemos as responsabilidades e os compromissos que envolvem a vida conjugal, aquilo que é o prático para a manutenção do lar e da família. Dessas atividades, parece ser prioritário tanto para as esposas quanto para os maridos o cumprimento de seus afazeres estabelecidos como metas do dia, mesmo que para isso eles tenham que aplicar todo seu esforço físico. Dentro dessa dinâmica própria da vida conjugal, os casais podem deixar-se envolver pelas muitas atividades que compreendem o seu dia a dia.

Contudo, é importante para eles se lembrarem de também valorizar outras atitudes que alimentam e fazem a manutenção do amor que desejam nutrir na relação entre homem e mulher, pois, se quando eles eram apenas namorados, foram capazes de fazer todas outras coisas e ainda disponibilizar de um tempo para se prepararem para a (o) namorada (o), hoje as manifestações de carinho para com o cônjuge precisam ter o mesmo grau de importância.

Os momentos de namoro entre os casados não podem acontecer ou serem esperados apenas nas ocasiões de celebração como aniversários de casamento ou em uma viagem, tampouco podem ficar presos a dias específicos da semana.

Se as inúmeras tarefas domésticas, tanto para o marido quanto para a esposa, roubam esses momentos, talvez fosse interessante para os cônjuges incluir, naquilo que é de suas ocupações, também a vivência da intimidade como parte integrante do relacionamento.

A falta de atitude para uma mudança desgasta qualquer relacionamento e, no caso do casamento, poderá minar até mesmo o desejo em trocar beijos mais calorosos ou criar outros momentos de sedução, os quais poderiam propiciar a intimidade.

As bases para esses momentos acontecem quando lembramos que o nosso cônjuge também tem desejos íntimos e espera vivê-los com quem se casou. Vale notar que tal momento, mais que extravasar a libido, deverá ser resultado de outros gestos que ratificam uma união, na qual, seus efeitos extrapolam no tempo e no contato físico. Tudo ganha um novo significado.

Assim, para evitar as famosas escapulidas ou justificativas como o cansaço, a falta de disposição, o sono, a preguiça e a mais conhecida de todas as desculpas – a dor de cabeça – para se esquivarem da intimidade conjugal, o casal optaria por aplicar também para a vida sexual o mesmo grau de interesse com que valorizam suas outras obrigações.

É certo que o trabalho, as obrigações com a família e o lazer são importantes, contudo há uma maneira própria de cada um fazer o cônjuge se sentir sempre o “número 1” como foi em tempos de namoro.

Um abraço!

Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com
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segunda-feira, 12 de agosto de 2013


PAI HOJE
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
 


É importante refletir sobre a figura do pai na Semana da Família. Não basta celebrar o “Dia dos Pais” se não pensamos na revitalização de seu compromisso paterno hoje. É hora de olhar para a figura de José, o pai de Jesus e sua ação na Família de Nazaré. Nele encontramos todas as qualidades essenciais para ser um bom pai.

A Palavra de Deus fala de estar com os “rins cingidos e as lâmpadas acesas” (Lc. 12, 35). Também do dono de uma casa que está sempre preparado para uma possível chegada de ladrões. Assim deve ser quem vai ser ou é pai, alguém que teve o cuidado de se preparar, buscando o caminho para uma boa formação no campo da missão paterna. Podemos dizer que ser pai é como encontrar uma pérola, uma condição de grandeza e de ser participante da missão criadora de Deus. Mas também é importante ter atitudes de carinho, influenciando grandemente na formação de caráter dos filhos. Gerar sem educar para a vida humana pode ser apenas um ato animalesco.

É falta de compromisso um pai abandonar mãe e filhos, deixando de contribuir com seu amor e bom exemplo. O bom pai é aquele que gera, cria, educa, ama, ensina e está sempre presente na vida do filho. Sabemos que isto não é fácil nos dias de hoje. A sociedade tem valorizado pouco a família, deixando os pais desarmados para a ação que é de responsabilidade deles. Recuperando a identidade da família e a missão dos pais, principalmente do pai, teremos um mundo melhor. Para isto é necessário equilíbrio entre o ser pai e o ser filho. Ambos precisam selecionar o que é melhor para a vida, não se deixando levar pelas maldades que chegam, especialmente via Internet.

É fundamental aprimorar alguns princípios que ajudam na direção da vida familiar, e que dependem muito da ação do pai. Entre eles destacamos: o conceito de vida, de honestidade, de colaboração, de fraternidade e alteridade. Que Deus abençoe todos os pais.

Fonte: http://www.cnbb.org.br/site/articulistas/dom-paulo-mendes-peixoto/12546-pai-hoje

quinta-feira, 4 de julho de 2013

“Pais são espelhos para os filhos” – Uma reflexão

              


 Pai...
 
  1. Não me dês tudo o que te peço. Às vezes meus pedidos querem apenas ser um teste, para ver o quanto posso pedir.
  2. Não grites comigo. Eu te respeito menos quando o fazes; e me ensina a gritar também, e eu não quero fazer isso.
  3. Não me dês ordens a todo o momento. Se, em vez de mandar, algumas vezes externasses teus desejos sob forma de pedidos, eu o faria mais rapidamente e com mais gosto.
  4. Cumpre as promessas que fazes, boas ou más. Se me prometes um prêmio, deves concedê-lo; assim como um castigo.
  5. Não me compares a ninguém, especialmente com meus irmãos. Se me colocas acima deles, alguém vai sofrer. Se me colocas abaixo, eu é que sofro.
  6. Não mudes de opinião a cada momento sobre o que devo fazer; pensa antes, mantendo a decisão.
  7. Deixa que eu faça, acertando ou errando; se fazes tudo por mim, serei eternamente dependente.
  8. Nunca pregues uma mentira nem me peças que eu o faça. Isso criará em mim um mal-estar e me fará perder a confiança em tudo o que afirmas.
  9. Quando te enganas em alguma coisa, admite-o francamente. Isso não te diminuirá a meus olhos; pelo contrário, te fará crescer, e eu aprenderei a assumir minhas faltas.
  10. Quando te dás conta de um problema meu, não digas que é bobagem, que o tempo corrige ou que não tens tempo. Eu preciso ser compreendido e ajudado.
  11. Trata-me com a mesma amizade e a mesma cordialidade com que tratas teus amigos. Pelo fato de pertencermos à mesma família, não significa que não possamos ser amigos também.
  12. Nunca me ordenes fazer uma coisa quando tu mesmo não a fazes. Eu aprendi a fazer sempre e apenas aquilo que tu fazes, e não aquilo que tu dizes.
  13. Ensina-me a amar e conhecer a mim próprio e a Deus. Tudo que me ensinarem a respeito de Deus, nunca entrará no meu coração e em minha cabeça, se tu não conheces nem amas esse mesmo Deus.
 
Autor desconhecido
 

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Neste mês que comemoramos o Dia dos Namorados, procuremos orientar nossos jovens no valor profundo do Namoro Cristão:

 

Eu... Você... De repente, nós

 



Se existe algo que mexe como coração de um jovem que começa a descobrir a sua afetividade e a sua sexualidade, é o desejo de namorar. Cantada em verso e prosa, esta fase da vida faz parte do desenvolvimento humano e do plano de Deus para nos fazer crescer e amadurecer no relacionamento, sendo também um caminho (embora não o único, nem o maior) de exercitar a capacidade de amar.
Entretanto, para um jovem cristão, muitas interrogações se levantam: Por que namorar? Quando namorar? Como ter um namoro cristão?
PORQUE NAMORAR

Em primeiro lugar, é importante saber que o desejo de relacionar-se com o sexo oposto é algo natural e implica na forma como Deus nos criou. Deus criou o homem, criou homem e mulher.
A partir de um certo momento do desenvolvimento humano, sente-se a necessidade e a sadia curiosidade de relacionar-se com o sexo oposto, de descobrir parte da riqueza, da diversidade da obra criativa de Deus, uma outra pessoa que não é igual a mim, mas que em muitos pontos chega a me complementar. Neste ponto, o relacionamento com pessoas do outro sexo é enriquecedor e fonte de formação e edificação do meu crescimento como pessoa.

Entretanto, o que é belo e edificante pode-se transformar em situações que nem sempre nos edificarão ou contribuirão para o nosso crescimento. Devemos levar em conta que estamos vivendo em meio a uma sociedade hedonista, marcada pela sensualidade. A partir dos meios de comunicação, as próprias crianças, adolescentes e jovens vão sendo manipulados nos seus afetos e instintos para que, de maneira precoce e deformada, vejam na pessoa do outro sexo um objeto de prazer genitalista ou um meio de satisfação de suas carências afetivas.

Isto é fruto do pecado que marcou as faculdades do nosso ser e também das feridas de família, onde a fé e o desenvolvimento dos valores cristãos foram abandonados e a unidade e indissolubilidade do matrimônio e da família, na vivência do amor, são negligenciadas ou até atingidas de maneira irremediável, produzindo no meio de nós gerações marcadas pela dor, insegurança, desvios afetivos, psicológicos e sociais.

Por estes e muitos outros fatores, quando o (a) adolescente vai atingindo sua puberdade (e muitas vezes ainda como criança), a sociedade e, em muitos casos, a própria família, começam a exigir que este (a) jovem "arranje" seu namorado (a) para provar sua masculinidade ou feminilidade.

É preciso que entendamos que o processo natural e salutar de conhecimento do sexo oposto como pessoa não implica necessariamente em um relacionamento de namoro, quando, pelo contrário, a amizade é o passo fundamental e sadio onde, pelo diálogo e a convivência, vamos podendo construir mutuamente a nossa personalidade de maneira sadia e equilibrada. Muitos jovens cristãos, como muitos que encontramos, se perguntam: Qual é a hora de iniciarmos o namoro?

Em primeiro lugar, é necessário que alguns tabus possam ser quebrados. Isto não significa que todas as pessoas tenham que namorar. Precisamos nos lembrar neste momento das Palavras de Jesus que dizem: "Há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos céus. Quem tiver capacidade para compreender que compreenda." (Mt 19,2)

Devemos nos lembrar que há muitos são chamados para a virgindade como uma oblação espiritual e um serviço à Igreja e aos homens, e nisto encontram sua plena realização. Alguns, muito cedo podem descobrir este chamado no seu interior e, apesar de como pessoa experimentarem a complementariedade do sexo oposto na convivência comum e fraterna, não viverão esta complementariedade no plano da afetividade-genitalidade, próprio dos que são chamados ao Sacramento do Matrimônio.

Alguns passam por relacionamentos de namoro antes de descobrir este sublime chamado, outros não precisam passar por esta etapa, pois a vocação já se faz manifesta no seu interior de maneira definida.

Para isso é necessário que o jovem cristão tenha sempre no seu interior este questionamento: - Qual é a vocação que Deus me chama a viver? – e uma reta e séria motivação de responde-la. Sabemos que isso, para muitos, se constitui em um longo processo, onde graças a Deus vai iluminado, tirando a cegueira e apontando onde encontrar e aderir à sua vontade, pois aí está a felicidade.

Entrando no processo de namoro propriamente dito, falando para os jovens que acompanhamos, procuramos orientá-lo em algumas etapas para este discernimento:


A amizade

A amizade entre sexos opostos é benéfica e edificante. A amizade se constitui em uma identificação que, se baseada em Cristo Jesus e nos valores do Evangelho, caracterizando-se pela doação de si e respeito mútuo, muito contribuirá para o nosso amadurecimento e crescimento. Atenção, nem toda amizade precisa desembocar em um namoro. Pelo contrário, é perigoso confundir as coisas.

As vezes a pessoa atrai fisicamente e afetivamente, mas isto não significa que seja da vontade de Deus e edificante para os dois um relacionamento mais profundo pelo namoro. Podemos acabar uma bela amizade se precipitarmos as coisas. É compreensível também que em um relacionamento entre um rapaz e uma moça que são atraentes, possam aparecer desejos e aspirações mais superficiais que, de uma maneira geral, pode jogar esses jovens em um relacionamento sem maiores bases. Ora, o aparecimento destes sentimentos só atestam a normalidade da afetividade e sexualidade de ambos e não deve ser ele, principalmente nos primeiros momentos, o ponto de discernimento de um compromisso de namoro.

Para evitar namoros precipitados (baseados só na atração física, carências ou sentimentos efêmeros), que fazem alguns mudarem de namoro como se troca de roupa e que, em vez de gerar crescimento, pode gerar tantas feridas, dores e marcas na pessoa e nos futuros relacionamentos, é preciso que se tenhamos um relacionamento de amizade. O momento é de aprofundar o conhecimento do outro e procurar ir à luz da oração e da convivência buscando alguns pontos de discernimentos.


Pontos de discernimento no plano psicológico:

Enquadramos aqui alguns pontos na maturidade humana e na identificação dos projetos e planos de vida, inclinacões, aspirações, gostos, formação e educação que cada um teve e que não podem ser ignoradas, sob o risco de serem fonte de profundos desgastes e verdadeiros furos que farão naufragar o relacionamento. Não se trata de que o outro seja igual a mim, mas que se nestes pontos podemos nos completar, aceitar e nos construir mutuamente, e se há maturidade em ambos para isto.

Pontos de discernimento no plano espiritual:

Se queremos nos relacionar em Deus e com Deus, este plano não pode ser esquecido. É necessário, na convivência, perceber as aspirações espirituais e se o outro está disposto a colocar Deus como o centro de um relacionamento, para que o relacionamento não seja nada de egoísta, para a "minha", ou "nossa" satisfação, mas para que ele, apoiado na Graça de Deus, seja voltado para Jesus, seguindo os Seus ensinamentos de renúncia, pureza e abertura. Conhecer a espiritualidade do outro, suas aspirações de conduta moral e de compromisso com a Igreja é fundamental para evitar conflitos futuros, ou namoros onde Deus e sua Palavra estejam ausentes.

Pontos para discernimento no plano afetivo:

A afeição em um relacionamento afetivo é o primeiro passo, mas com certeza não se constitui em sinal de presença real de uma semente de amor. Se o que me faz afeiçoar-me ao outro é só sua aparência física, isto tem sua importância, mas não é tudo.

As aparências passam e o coração, mentalidade e forma de ser permanecem. É preciso descobrir se o sentimento que me move tem a maturidade de ENXERGAR e ACEITAR os limites, defeitos e fragilidades do outro. Pondo na balança o que pesa mais, é o que nos une ou o que nos divide? Neste momento, um certo realismo é salutar, para que a paixão não cegue, e evitemos dar um passo que depois vai nos ferir e ferir ao outro.

Também convém ter a sensibilidade para perceber se eu ou o outro estamos buscando um relacionamento para "minha" satisfação, fechado sobre nós mesmos e a nossa "fantasia romântica" ou se o relacionamento, mesmo com o tempero de romance, é voltado para Deus, para o outro e para as outras pessoas, numa perspectiva de abertura.

Permeando todas estas considerações e orientações, devemos encontrar a oração. É através dela, que a graça de Deus vai purificar as nossas motivações, iluminar a nossa cegueira, fazer-nos entender o que só humanamente não nos é possível, e perceber os reais sinais do Espírito que nos move ou nos detém para um relacionamento que, se quer ser cristão, deve buscar, em todos os sentidos, a maior glória de Deus.

A ajuda de uma pessoa mais amadurecida e vivida no campo espiritual e humano se constitui em ajuda indispensável para chegarmos a um discernimento claro e uma decisão conjunta e madura em nos comprometer em um relacionamento de namoro.

O Namoro

Uma vez sedimentado no nosso interior o processo de discernimento (que exige tempo, pois não se resume a dias ou poucas semanas, mas a alguns meses de convivência e oração) e chegando a um discernimento positivo em relação ao namoro, alguns pontos não podem ser esquecidos:

A amizade


O namoro é, antes de tudo, uma amizade que se aprofunda e sedimenta uma caminhada a dois. É essencial que o tempo que os namorados passam juntos seja animado pelo diálogo e a abertura do seu ser que se deixa conhecer e revelar. Muitos namorados não sabem conversar e fogem em carícias, desagradáveis a Deus e destruidoras do relacionamento. O esforço do diálogo, conversar assuntos que unem e saber também conversar as divergências; revelar-se para o outro através da arte do diálogo é fonte de relacionamentos saudáveis e maduros.

A oração


A presença de Jesus dentro de um namoro cristão não pode ser decorativa ou em plano inferior. Ele tem que ser o primeiro para dar fertilidade ao relacionamento. Por isto, é necessário dar tempo e espaço para a oração, partilhar de experiências da vida espiritual, de leitura espiritual. É importante que se saiba que se tem a responsabilidade de levar o outro para Deus e para a Igreja, e não ser um obstáculo para a comunhão com Deus e o serviço na Igreja. A oração e os sacramentos serão também a fonte da graça para permanecer sob as orientações da Palavra e da Igreja, e nos capacitará a crescer na escola do verdadeiro amor, que é aquele que ama apesar dos defeitos e limites do outro.

A abertura


Os namorados cristãos não podem estar somente voltados para si mesmos, como se só o outro existisse, ou que este relacionamento, se não for o único, torne os outros opacos e insignificantes.

Os namorados cristãos sabem fugir do risco da dependência, que sempre é sinal de carência e não de verdadeiro amor, e se aplicam na abertura, amizade e dedicação aos outros (amigos, família), que também são fontes de complemento para a nossa vida, e esta abertura toma-se fonte de enriquecimento do próprio namoro.


Os carinhos


Especial cuidado devemos ter neste campo, pois, muitas vezes, mesmo em namoros cristãos, constatamos cenas de carícias que levam a estados de profunda excitação emocional e orgânica que, seguindo o modelo do mundo considera-se normal, quando na verdade estes atos são apropriados para a preparação do ato conjugal dentro do matrimônio.

O não se deter no físico, e o traçar limites bem definidos e claros para os dois, buscando a pureza e evitando o puritanismo, é ponto básico e que muito necessita da graça para não se deixar levar pelas "facilidades" mútuas, que o sensualismo deste mundo e a concupiscência da carne plantaram em nós.

Nós precisamos construir um Mundo Novo, baseado na Boa Nova de Jesus e da Sua Igreja. Entretanto, não haverá Mundo Novo se não houver Famílias Novas. Não haverá Famílias Novas se não houver Namoros Novos, baseados na graça e no poder do Espírito.

Se meditarmos nestas orientações, sentiremos que são superiores à nossa capacidade. Lembre-se de que “o Verbo se fez carne”, por isto a graça penetrou em todas as realidades da vida humana, e Pentecostes é a certeza de que o Espírito nos capacita a dar nosso sim integral a Deus.


Fonte: http://www.comshalom.org/formacao/formacaohumana/porque_namorar.htm